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“Quem vai embora de casa já voltou. A nossa vida é o caminho futuro e recorrido. Nada diz adeus. Nada nos deixa. Não se renda.”1 

 

O tempo e os tempos estão em contaminação perpétua. O tempo cria, cura, melhora, recria, arranja, apaga.
O tempo permite o retorno.
O tempo nos dá esperança. 

O tempo nos dá a certeza da nossa extinção.
Ninguém pode subtrair-se do tempo.
A nossa união ao tempo é tão verdadeira e essencial quanto a nossa guerra com ele. 

“A memória não está em nós. Somos nós que nos movemos numa memória - Ser, numa memória-mundo.”2 

Aqui, o som pretende acompanhar a memória.
A componente vocal (inspirada pela melodia de Kaddish de Maurice Ravel), espontânea e meditativa, traz-nos a ligação às emoções e ao corpo. As ornamentações vocais, jogando com os ritmos, evocam os afectos e os instintos. A canção Alegria, alegria de Caetano Veloso é um apontamento autobiográfico, que quer verbalizar o que não pode ser verbalizado. 

 

    .    1  Borges, Jorge Luis. La moneda de hierro: Para una versión del I King. Tradução livre. (1975) 

    .    2  Deleuze, Gilles. Cinema 2: Imagem-Tempo. (1985) 

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