A História move-se como um rio em agitadas correntes.
As águas conturbadas desse rio representam a continuidade e consolidação da memória coletiva.
A instalação Margens localiza a Mulher Moçambicana nesse rio que é a História, partindo da experiência das guerrilheiras na Luta de Libertação Nacional em Moçambique, em que se propuseram a enfrentar o Colonialismo e o Patriarcado.
Apesar da importância da sua presença na guerra, a figura feminina continua invisível, existindo sobretudo em posições de subalternidade.
A resistência da Mulher Moçambicana exige desse espaço marginal processos que permitam dinâmicas de mutação e contestação para a sua visibilidade.
O pilão como objeto transformador, sonoro e imponente, serve de metáfora para o passado recente, em que a Mulher assumiu a responsabilidade da reconstrução de todo um país e é simultaneamente um símbolo importante na representação da Mulher Moçambicana, pois remete-nos ao seu papel no espaço doméstico.
Um pilão à margem de um rio na esperança que as águas um dia o levem, ou pelo menos que o toquem.
É nesse espaço imaginário que surgem figuras heróicas como importantes espelhos da nossa identidade.
O herói define quem pode navegar e quem fica nas margens.