Na historiografia da luta de libertação, em Moçambique, as mulheres são esquecidas ou apenas representadas como suporte por detrás dos homens. Este projecto direciona o olhar para as mulheres que lutaram pela libertação do país.
Para a concepção desse trabalho foram usadas imagens do filme “Behind the lines” de Margaret Dickinson (1971), sobrepondo imagens das mulheres nas fileiras de combate com o seu tempo de lazer, simbolizando a dicotomia contraditória da vida em guerra.
Através do uso de aparelhos televisivos antigos a instalação cria um ambiente que remete o espectador ao tempo em que se construiu a narrativa sobre a guerra de libertação. Eles não funcionam e as imagens são distorcidas como símbolo das mulheres que foram esquecidas ou apagadas, deliberadamente, da história. No meio deste ambiente um aparelho moderno flat screen serve como máquina do tempo, resgatando-as do esquecimento da história e transportando-as ao primeiro plano do discurso sobre a luta de libertração no tempo actual.
Este espaço simbólico vem como uma proposta utópica, de como podia ter sido a nossa noção deste tempo histórico se a reportagem e narrativa popular tivessem incluído a contribuição das mulheres como força motriz da libertação. Os aparelhos estão pendurados do teto, simbolizando a fragilidade do espaço hipotético que foi construído.