A obra incorpora a urgência da criação de um Glossário da Mulher Combatente na luta de libertação de Guiné Bissau e Cabo Verde, enraizando-se profundamente nos arquivos fotográficos da referida participação feminina, e dilatando um espaço para aquelas memórias perdidas nas gavetas íntimas das nossas heroínas.
Este Glossário, inventa-se a si próprio, procurando explicar termos obscuros por meio de outros conhecidos, em jeito de manifesto filosófico e político, e destaca as doze mulheres militantes antes de 1963. Do corpo escultórico, imana a possibilidade de perceção destas e outras mulheres camaradas que se tornam presentes, as Camarad(as).
Estas opções revelam a condição de quem intervém hoje sobre arquivos e, inevitavelmente, sobre a forma como a história nos foi contada. Assim o que contamos não é uma nova verdade, mas uma escultura videográfica de contaminação da história oficial e das memórias que imperam no interstício das imagens e vozes aqui.
A obra surge no contexto de um projeto de pesquisa e criação mais amplo, “Memórias para o Futuro - Projetar a Independência no Feminino (PIF)”, promovido pelo CIGEF – Centro de Investigação em Género e Família da Universidade de Cabo Verde e pela a Oficina de Utopias – Arte, Design e Arquitetura.